prata

“Há tão pouca gente que ame as paisagens que não existem!…”

“There are so few people who love the landscapes that don’t exist!…”

Fernando Pessoa

prata

paisagens que existem nas películas fotográficas, mesmo que ninguém as ame.

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silver

landscapes that exist in photographic films, even if nobody loves them.

em progresso / work in progress

A paisagem sempre fascinou o homem na sua concepção geográfica e filosófica e ambos os aspectos são causa e consequência da nossa percepção deles. O natural e o humano, a erosão das paisagens e a preservação do seu registo fotográfico são entidades antagónicas que se expandem ao longo do tempo. Nestes filmes fotográficos encontrei paisagens que remetem à construção deste conceito, que é tão vasto quanto o homem o modifica, explora e captura também noutros planetas. Ou nos limites esquecidos de um filme fotográfico. 2020

* digitalização de limites de emulsão fotográfica

The landscape has always fascinated man in its geographical and philosophical conception and both aspects are cause and consequence of our perception of them. The natural and the human, the erosion of landscapes and the preservation of their photographic record are antagonistic entities that expand over time. In these photographic films I found landscapes that refer to the construction of this concept, which is as vast as man modifies, explores and captures it on other planets as well. Or in the forgotten limits of a photographic film. 2020

*scans of limits of photographic emulsion films

prata
Aquilo que não deveríamos ver é aqui mostrado. Não se pretende sublimar o conceito de sinistro, embora por sua possível definição está também contido neste projecto, ecoando o pensamento de F. W. J. Schelling. Não deveríamos ver, pois o que deveria ser mostrado, o que foi realizado com essa intenção permanece noutra zona destas películas.
Esta dimensão quase oculta pela escala e sobretudo por rejeição, por ser de uma zona menos importante da película, ou nada importante que acabará no lixo, ou esquecida nos arquivos, é ao ser revelada possibilidade de uma topografia de prata. (aqui duplamente revelada)
Esta revelação, agora digital, após a sua verdadeira revelação química, materializa assim esta espécie de paisagem, de paisagens metonímicamente banais e/ou exóticas. A paisagem arquétipada em simbiose – ou parasitismo conceptual – com uma paisagem que não existe.
Ao fundir a química com a digitalização, a procura com a seleção, o espanto ocorre.( conceito, ainda (?), tão fotográfico ). Este espanto sobre novas paisagens, sobre paisagens ocultas, sobre paisagens que não existem e que não deveriam existir, reforçam a ambiguidade da percepção sobre o real.
São paisagens nos limites da prata, nestas manchas que aleatoriamente surgiram. São paisagens por mimética, ou serão por direito próprio? O que é a fotografia de paisagem? O que são os territórios e seus limites? Que relações se estabelecem?
Espanto (?) com paisagens – agora sem itálico -, que existem e foram reveladas. Sempre existiram, apenas não as víamos.

prata

That which we should not see is shown here. It is not intended to sublimate the concept of sinister, although by its possible definition it is also contained in this project, echoing the thinking of F. W. J. Schelling. We shouldn’t see it, because what should be shown, what was done with that intention remains in another area of ​​these films. This dimension almost hidden by scale and above all by rejection, for being from a less important area of ​​the film, or nothing important that will end up in the trash, or forgotten in the archives, is when the possibility of a silver topography is revealed. (here doubly revealed) This revelation, now digital, after its true chemical revelation, thus materializes this kind of landscape, of metonymically banal and/or exotic landscapes. The archetypal landscape in symbiosis – or conceptual parasitism – with a landscape that does not exist. When merging chemistry with digitization, search with selection, amazement occurs. (concept, still (?), so photographic). This astonishment over new landscapes, over hidden landscapes, over landscapes that do not exist and that should not exist, reinforces the ambiguity of the perception of reality. They are landscapes on the edge of silver, in these spots that randomly appeared. Are they landscapes by mimetics, or are they by their own right? What is landscape photography? What are territories and their boundaries? What relationships are established? Astonishment (?) with landscapes – now without italics -, which exist and have been revealed. They always existed, we just didn’t see them.